Quando a gente vai numa loja comprar roupas, agente experimenta no provador para saber se aquela roupa está "servindo". Se não aperta aqui ou ali, se fica bem no nosso corpo.
Parecido com uma POC.
Fazermos uma POC para adquirirmos um sistema de negócio possibilita também uma prova, mas é necessário cumprir várias etapas, tais como: treinamento, parametrizações, identificação e desenvolvimento de GAPs, integrações com sistemas adjacentes, customizações de cálculos ou processos, preparação de ambiente, teste de APIs, credenciamento em algumas câmaras de registro, etc...
Feito isso, é possível executar o sistema em todos os ciclos, "end to end", e observar o real grau de aderência da solução.
Uma POC "as is", não mostraria: a expertise do fornecedor, a velocidade de desenvolvimento, a assertividade e o custo envolvido na execução dos GAPs, customizações e integrações.
Uma POC "as is", mostraria um sistema que, a todo momento para, pela falta de "onboarding" com o ecossistema da instituição financeira.
Ficaria difícil de verificar, inclusive, teste de performance, check de segurança e vulnerabilidades, comportamento sob volumes intensos e, notadamente, o comportamento de cada ciclo de negócio na sua integralidade.
Ou seja, uma POC bem-feita exige que todas etapas do "setup" sejam cumpridas!
Isso leva o tempo que leva, custa o custo que custa e exige a dedicação que exige!
Outra coisa a considerar: quando agente experimenta o terno do casamento, o alfaiate sempre diz: vou ajustar a altura, apertar um pouco aqui na cintura, mas você não pode engordar até o dia do casamento…
Idem acontece aqui, um grande dificultador de uma POC, pode ser a instituição financeira decidir trocar, por exemplo, o fornecedor da assinatura digital, ou pior, o fornecedor especializado no motor de crédito ou até mesmo, decide operar em um outro segmento, ao invés daquele inicial, no meio da POC…
Fazer uma POC, não é o mesmo que assistir uma demo do sistema, ou ler o material comercial, ou colher informações de outros que já usam o mesmo. (O normal que fazemos)
Uma POC bem-feita é uma implantação real, num ambiente paralelo, mas com os usuários e clientes reais. (Haja disponibilidade…)
Quem quiser fazer uma POC deve saber o que envolve, de tempo, recursos financeiros e de pessoal, infraestrutura adjacente e o custo da conclusão negativa, que não é pequeno, mas ainda é bem menos do que a decisão errada na escolha do sistema de negócio.
Tudo isso serve para mostrar como ficamos perplexos quando alguém pergunta: vocês cobram a POC? Claro que temos que cobrar! Mas não cobramos duas vezes! Caso a instituição financeira se torne adquirente, o setup já está feito e já está pago. Caso desista, por óbvio nenhum fornecedor poderá simplesmente arcar com os custos imensos de uma POC.
Também existe a falsa POC. Como funciona? O fornecedor vai mostrando o sistema e volta e meia fala: aqui o sistema faz assim, mas não podemos mostrar porque faltaria uma customização, aqui o sistema faz assado, mas não podemos mostrar porque faltaria a integração com …pontinhos…, e assim por diante.
Essa POC, incompleta pela própria natureza não mostra nada, mas serve para "contar" , numa conversa de aniversário, que foi feita uma POC.
É quase uma coisa do tipo: você faz um "test drive", no veículo e depois o vendedor fala assim - o prazo de entrega pode atrasar porque estamos dependendo do "chip" que vem de Singapura, e atrasou lá por causa da pandemia, mas eu acho que em dois ou três meses seu carro estará disponível.
POC é bom? Sim. Mas existe um oceano entre o bem feito e o mal feito.
