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Sistema Legado

Sistema Legado

Sistema legado não se define simplesmente pela sua idade, ao contrário, quanto mais tempo esse sistema estiver sendo utilizado maior será a taxa de retorno do investimento feito lá atrás, mais maturado deverá estar, integrado ao entorno do ecossistema financeiro, melhor aclimatado estará o seu usuário e notadamente melhor adaptado as regras de negócios embarcadas da instituição financeira que atende.

Sistema legado, de forma pejorativa, se aplica aos casos onde tenhamos inabilidade em resolver as necessidades do negócio, difícil suporte, manutenção, customização ou integrações, difícil escalabilidade, demora no desenvolvimento de novas "features", e tecnologia utilizada em perigoso desuso, criando cada vez mais incompatibilidades tecnológicas difíceis de contornar e sobretudo ficando cada vez mais raro encontrar profissionais dispostos a trabalhar com esse "stack" obsoleto.

Na prática, raramente o sistema legado se enquadra tão perfeitamente em algum desses dois casos extremos. Existe uma escala de graduação que determina onde se encaixa cada legado, dependendo de vários fatores, sendo, a modelagem de dados e o forte acoplamento, os mais relevantes. Mas o principal é identificarmos como proceder para modernizar o legado, em etapas? "From scrach"? E avaliarmos se temos possibilidade de controlar o tempo de vida, investindo progressivamente em partes, obedecendo um cronograma de viabilidade de recursos no tempo. Ou ainda, como poderíamos administrar uma substituição radical "from scrach" de tal forma a evitar alto impacto no andamento do negócio.

O recomendável aqui é tentarmos trilhar o famoso caminho do meio onde, progressivamente, reescrevendo as partes mais críticas, minimizando os efeitos negativos, eliminando limitações e modernizando arquitetura e tecnologia, se evolui o legado de tal forma que ele vai sendo revitalizado lentamente e com baixo impacto operacional e financeiro.

É comum encontrarmos na sustentação de um legado, um grupo importante de profissionais da TI que, ao conduzirem o legado até aqui, adquiriram muita experiência no negócio. São vitais e devem ser recapacitados de tal forma que possamos imprimir uma política de retenção fundamental para não se perder conhecimento e experiência, combinando isso com o processo de reconstrução tecnológica. O tático aqui é montar "squads" híbridos, "mixando" as capacidades para a obtenção de um natural "blend" evolutivo de saber.

Quanto ao legado propriamente, tem sido usual priorizarmos as partes onde haja maior contato com "end-customers” e, portanto, maior necessidade de escalabilidade e capacidade de processamento. Levando a digitalização próxima do olhar do cliente investimos na fidelização como um papel importante para ampliarmos a plataforma de tomadores, aos quais devemos ofertar cada vez mais opções de negócio confortáveis e interessantes. 

Também é relevante priorizarmos os módulos responsáveis por grandes montantes negociados em lote, tais como de cessão ou aquisição de créditos, bancarização, pois nesses casos a instituição financeira sempre terá enorme necessidade de automação, elegibilidade, flexibilidade, filtragens, imperativa integração com as câmaras de registro, onde qualquer eventual limitação técnica pode se tornar um pouco deletéria ao negócio.

Um parâmetro que deve ser levado em conta é a quantidade de ‘puxadinhos’ e ‘planilhas’ que vão se acumulando ao redor do legado, através dos anos, pelas mais distintas razões, fazendo com que a Instituição financeira já esteja muitas vezes, sem perceber, vivendo uma situação impactante, limitante e com custos colaterais que vão se avolumando a cada dia. 
O volume de trabalho marginal é tanto e os transtornos operacionais são tantos, que já começa a valer a pena aplicar uma solução radical. 
Vale dizer que nestes casos, automatizarmos e eliminarmos esses ‘puxadinhos’ e ‘planilhas’ pode ser um bom início. 
Tanto o ‘puxadinho’ como a ‘planilha’ são soluções adotadas ‘provisoriamente’ pela falta de tempo e recursos para implementar no legado a solução. Mas acabam se tornando definitivos e tornando-se parte adjacente incorporada ao legado de forma operacional. 
É assustador imaginarmos uma enorme quantidade desse material, sendo usado no dia a dia operacional, inclusive criando-se uma relação de dependência direta de pessoas (’donas’) desse território de ‘alongamentos’, que acabam de boa-fé tornando-se elas mesmas um risco considerável.

Concluímos que um mesmo legado, por hipótese, em duas instituições financeiras distintas podem ter um aproveitamento bem diferente, tendo de um lado uma gestão prudente e de outro lado uma gestão arrojada demais, dependendo da forma como está sendo entendido, usado, mexido, adaptado ao meio ambiente tecnológico e infraestrutural e notadamente como está sendo administrada a relação do legado com o núcleo vital do negócio. Esse mesmo legado pode perdurar durante décadas satisfatoriamente numa instituição financeira e se tornar deletério na outra em um par de anos.

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